25.2.08

::Associação Livre/ parte II::

Muitas vezes nos deparamos carregando o sentimento da injustiça, esse sentimento é um tanto quanto pegajoso, difícil de desgrudar, algo complicado de largar, afinal de contas ele é tão quentinho, fofinho e cheira tão bem.
Oras, se o sentimento de injustiça fosse tão ruim assim, por que vivemos apegados a ele? Ou será que somos seres de bons corações, respeitosas e compreensíveis a ponto de levar a sério a história “perdoar e dar a outra face para bater”?
Gostamos de estar nessa posição, é natural, afinal de contas ser injustiçado é poder se esbaldar no gozo do fofinho, cheirosinho e macio. Quem não quer uma almofada sentimental dessas para poder se esbaldar e melhor, sozinhos?
Entretanto vivemos em sociedade e infelizmente a palavra “sozinho” só se sustenta e dá certo na nossa cabeça. Viver em relação é muito proveitoso, entretanto, para todo o benefício existe um malefício a ser sanado.
Ficar cara a cara com outro injustiçado quebra a regra do egocentrismo. Afinal de contas a minha história é sempre a mais triste, a mais sofrida, a minha dor é sempre a maior e até mesmo as minhas glórias são sempre mais floridas. E são!
Se a grana do vizinho é sempre a mais verde, por que não pensar que você é vizinho de alguém? Ou só acontece na casa do vizinho, aplica-se a mesma coisa. Você, mas uma vez, é o vizinho de alguém.
Compreender que existe sempre um outro lado da história é fácil, o difícil é aceitar que nem sempre o nosso é o certo, mas batalhamos e argumentamos visando convencer que o nosso lado é o mais certo. Nada mais justo, afinal de contas aprendemos desde pequeno que ganhar é muito bom e que, “o importante é competir”, é desculpa dos perdedores. Por exemplo, alguém já ouviu um maratonista que ganhou o primeiro lugar dizer “Eu venci, mas o importante é participar e eu estou aqui pela corrida, pelo evento” ou até mesmo um grande amigo falar para outro, no casamento: “eu estou aqui no seu casamento (soluço), por vocês, (soluço) a comida e a bebida, nossa eu nem pensei nelas, por que o importante é a sua felicidade (soluço) e a união de duas pessoas que se amam (soluço)”.
Competir é um ato inconsciente, assim como, ficar na injustiça.
Pode parecer besteira, mas conseguir tornar conscientes esses atos é renunciar muitas coisas, começando por largar de mão as almofadas sentimentais cheirosas, fofas e quentinhas.
Freud já dizia na sua obra Mal-estar na civilização que são apenas três coisas que geram mal-estar no sujeito: O corpo, o meio e a relação com o outro. Só!
É complicado para todos, mas sugiro que pensem um pouco sobre isso, mesmo que a conclusão seja: “ah! Eu não concordo, eu não me acho injustiçado”.

E o que aprendemos no episódio de hoje? Que o crime não compensa.

Escrevendo este post, lembrei da nova campanha da WWF-Brasil que tem por objetivo demonstrar para o público que pequenas ações isoladas, tanto positivas quanto negativas contribuem para o efeito cascata, nesse caso, planetárias, mas pense por todas as dimensões existenciais.
Bom proveito.