27.7.08

::Etiqueta::


Quando é falado sobre esse assunto, etiqueta e/ou boas maneiras, as mais variadas opiniões aparecem. Para alguns, é algo que demonstra sofisticação e elegância, para outros apenas um monte de baboseira a ser seguida, para os beltranos uma forma de manifestar o excesso de frescura, para os cicranos um amontoado de garfos, facas, colheres e copos. Pode ser tudo isso e mais um pouco.
Acredito que não tem nada mais deselegante do que exigir elegância, entretanto, não tem nada mais brega do que excluir a importância, disto, na sua vida.
Etiqueta é algo que transcender a idéia de postura da coluna ao sentar, formas de cruzar as pernas, caminhar com livros na cabeça ou saber que a faca sem serra é para comer peixes. Devemos compreendê-la para além das cerimônias usadas nas cortes, afinal de conta não vivemos mais na monarquia. Contemporâneos, aprendemos desde pequenos que ao abrirmos a geladeira na casa dos outros somos deseducados, que arrotar na mesa é falta de educação (há países que arrotar após a refeição é sinal de agradecimento e de satisfação, mas esse país não é o Brasil). Essa deseducação ou falta dela é o mesmo que dizer que não tem etiqueta, não tem boas maneiras, não sabe se portar conforme as regras da sociedade, ou seja, um sujeito não civilizado.
A prova disso é o quadro que o Fantástico, da rede Globo, apresenta com a jornalista, empresaria e consultora de moda Glória Kalil, conhecida como sinônimo de elegância, Glórinha (como chamam) apresenta de forma tranqüila, pequenas maneiras de sair das saias justas elegantemente, ou melhor, acredito que a função dela, neste quadro, é tanto desmistificar a etiqueta como frescura, quanto introduzir intervenções de civilização urbana, muitas vezes esquecidas, não ensinadas ou apenas escritas no papel. Lembro da primeira vez que vi o quadro, o assunto era o uso do celular e sobre os bisbilhoteiros que pegam o celular, dos outros, e ficam xeretando as ligações feitas e recebidas , lendo mensagens etc. Uma mulher, com seus 40 anos de idade disse: “Eu olho o celular do meu marido, mas eu não fico olhando o celular das outras pessoas”. Glória Kalil responde: “mas o seu marido é outra pessoa”.

São essas pequenas coisas do comportamento social que esquecemos ao longo da vida e que nos tornam em pequenos bárbaros inconscientes, agindo e esquecendo que a dialética do relacionamento não só existe como funciona, para alguns. É claro que absurdos também são perguntados no quadro da Etiqueta Urbana, como por exemplo, (motivo pela qual estou escrevendo) “Glória, gostaria de saber: estou num jantar formal e estou comendo peixe. Eu encontro uma espinha o que eu faço?”. Resposta “Discretamente você retira a espinha e coloca no canto do prato, o mesmo se faz com caroço de azeitona ou tudo aquilo que estiver incomodando a sua mastigação”. Mesmo não querendo acreditar que existam pessoas que não sabem como proceder ao encontrar uma espinha de peixe, acredito que existam pessoas que acham desnecessário utilizar a etiqueta ou de qualquer coisa que dê requinte ao seu comportamento por pura ignorância, afinal de contas, conseguir ser civilizado nos dias de hoje exige no mínimo requinte social.

Não é a toa que o jargão atual é o "To pagaaaaaaaaaando".

Infelizmente a segunda parte da fala da personagem do Zorra Total (péssimo) não pegou, porém é a mais importante: "Só me falta-me o glamour".