20.5.09

:: Criança Interior ::

Uma das coisas que me faz acreditar que todos nós temos uma criança interior, no qual sempre a salvaguardamos dos pecados mundanos, são os desenhos animados. Eles são a prova que tivemos infância e que validarão, futuramente, a qualidade dela. Quem nasceu nos anos 80, mas cresceu nos anos 90, assim como eu, tem uma lista de desenhos animados favoritos, por essa razão somos, ou consideramos ser, os maiores consumidores do flashback. Acreditamos que a nossa infância é melhor do que a infância dos dias de hoje, argumentando que além de brincar ao livre, usar a criatividade e imaginação, não perdemos boa parte dos desenhos animados, seriados e novelinhas da época. Pensamento típico de quem se considera atual, mas é um eterno careta.
Hoje com a tecnologia moderna, podemos assistir aos clássicos desenhos animados que assistíamos deitados nos sofá, geralmente se recuperando de uma longa noite de sono.
Desde Caverna do Dragão, com a Uni sempre impedindo o acesso ao mundo real até Carrossel com seus clássicos personagens: Maria Joaquina, Cirilo - Eu só quis dizer; Jaime Palilo, Professora Helena, Firmino entre outros. Assistíamos a um repertório de desenhos animados, americanos e japoneses com o mesmo objetivo que os desenhos de hoje: a luta entre o bem o mal. Inevitável, todos os desenhos utilizam dessa base referencial para fisgar as crianças e alguns (muitos) adultos.
Certa vez, assistindo um canal da televisão fechada, se não me engano a Nickelodeon, observei uma vinheta que atiçou muito a minha criança interior. A proposta dela era reprisar, depois das onze da noite, os clássicos desenhos da nossa infância, a campanha seguia com a seguinte frase “Coloque a criança que existe dentro de você para dormir!”. Achei de uma sensibilidade sensacional, pois atinge completamente a um público de seus vinte e trinta e poucos anos que não precisam mais estar na cama às dez horas da noite, mas necessitam estar nela às onze. A sensação de nostalgia que carregamos e fizemos questão de carregá-la para onde for; nos enlaça e reporta para os saudosos anos 80’ e 90’. No tempo onde a maior preocupação era criar uma boa desculpa para justificar o cinco naquela prova de matemática (o meu problema sempre foi matemático). Dois mais dois não necessariamente eram quatro na minha matemática. Está ai uma boa justificativa da escolha profissional. Na Psicanálise tudo é possível, exceto duvidar do Complexo de Édipo.
Sou tarado por desenhos animados e fico feliz em conhecer boa parte deles. Lembro que o meu avô dizia que eu tinha algum problema mental, pois não era possível um cara de quinze anos ficar vidrado com as aventuras de uma família de Springfield. Era lei, 20h e 30 min eu estaria ligado na Fox e torcia para que os produtores fossem camaradas o suficiente para colocar dois episódio por dia. Homer Jay Simpson, Marge, Barth, Lisa, Meg, Ajudante de Papai Noel e Bola de Neve II, conquistaram os corações de todos. No meu eles permanecem firmes e fortes e não há Peter Griffin (Family Guy), mesmo o adorando, que desbanque o Homer. O mesmo digo para o novo desenho que passa na rede Globo, logo após o Altas Horas. American Dad! Um desenho sensacional que satiriza de forma absurda o cotidiano de um patriota americano e sua família excentrica.
A base dos três desenhos. Um pai politicamente incorreto, uma mulher devotada e ciente do buraco que se meteu, filhos completamente fora da espectativa paterna e personagens irreais (um cão que filosofa, mas não perde os seus instintos caninos. Um ET bissexual, um peixe alemão que fala).
Desenhos feitos para nós, ex crianças, que sabem amar uma esponja de calça quadrada e um homem amarelo com dois fios de cabelo.