2.9.09

:: O caso Twitter - Postagem Temática ::


O que precisamos entender uma vez por todas é que o problema não está em “estar sozinho”, solteiro, namorando ou casado. Quando falamos em estar na naba, não estamos falando de onde estão, mas como estão (de onde enxerga. Qual é o teu farol? Que te baila?) Porque estar na naba é estar atolado, já virou estado de espírito, ou seja, ter uma a mais ou um a menos na história, já virou questão de escolha. O que é uma pena! Por isso implicamos com o Twitter, pois as informações estão rápidas demais. Para entender e agir como apaixonados são dois toques!

Este foi o meu comentário no blog Metas(na)linguagem da minha amiga Ana Paula, no seu texto sobre Os afetos!
Desde que nos encontramos pela última vez, ela e eu conversamos muito sobre as movimentações sociais e como isso estava interferindo na vida das pessoas modernas. Conversa vai, conversa vem, pousamos no Twitter e por ali ficamos. Queríamos entender o que essa nova ferramenta virtual tinha de tão interessante ou o que isso estava suscitando nos dia de hoje. Ficou como lição de casa, cada um de nós pensarmos e falar sobre isso.
Até onde consigo compreender o Twitter é uma rede social para microblogs que possibilita os usuários enviares e receberem notícias, informações, curiosidades e atualidades de forma rápida, efetiva e tudo isso em 140 caracteres. Em outras palavras o Twitter é o filho do blog com o orkut!
Os usuários da rede afirmam que está ferramenta ajuda na circulação das informações, na exposição dos seus trabalhos, na publicação das novidades, na divulgação de curiosidades, o que torna o Twitter muito interessante. Porém, o que me deixa instigado, na verdade, não é o Twitter, mas o seu lugar na nossa cultura.
Podemos iniciar pensando que a informação e a expressão são duas características base para o que os especialistas chamam de pós-modernidade (quando ocorre uma modernização da modernidade). Esta modernização da modernidade nos reflete a noção de superficialidade, está caracterizada pelos discursos fragmentados (140 caracteres), sensação de estar vivendo no eterno presente (necessidade de atualizar o perfil) e a vanglorização da simulação sobre o real (apreensão do tempo real, esquecendo que o ao vivo é inapreensível). Características visíveis nessa ferramenta.
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman em seu livro Modernidade Líquida, fala sobre a pós-modernidade e sua dificuldade de expressar o contorno, a borda, ou em outras palavras, a cerca que nos estabeleça um lugar, nos deixando a deriva no tempo e no espaço. O que importa para a era da modernidade (líquida) é o tempo muito mais do que o espaço (é daí que vem o nosso stress). A instantaneidade ou o imediatismo, onde as mudanças ocorrem num curto período de tempo e os espaços estão designados a simples circulação (ai o porquê tomamos tanto remédios faixa preta) são fatores que deixam claro a era do predomínio do individualismo.
O imperativo da individualização contemporânea fundamenta-se na falta de posições que possam fornecer segurança e amparo aos sujeitos. Assim o que é oferecido são lugares frágeis, desarticulados e fragmentados no sentido histórico, social, temporal, resultando numa fragilidade psíquica muito grande e delicada.
O Twitter (os blogs, o orkut, o facebook, o flick, o fotolog, entre outros) nos proporciona uma ilusão, totalmente alienante, que está(s) ferramenta(s) nos validará algum lugar no campo social. Estes valores, supremo, estabelecidos a estas ferramentas, ressaltam características fundamentais para a nossa sociedade, a autonomia e a liberdade. Este casamento entre autonomia e liberdade gera um sujeito onipotente da cultura do narcisismo, que vive um delírio em relação ao principio do prazer, ou seja, a obtenção imediata daquilo que quer e daquilo que deseja. O legítimo self-made-man! Se eu pudesse falar sobre o tema para o grande público falaria: “O Twitter tem uma função muito importante na nossa sociedade: à divulgação, publicação e aquisição de informações rápidas, praticamente em tempo real e ilusoriamente mastigadas, entretanto o sujeito moderno, ou seja, nós mesmos conectados os mundo virtual, não estamos evoluídos psiquicamente o suficiente para digerir tamanha demanda, pois o que me preocupa não são as boas utilizações do Twitter, mas aqueles que acreditam saber usar esta ferramenta tão fresca, tão crua, sem se questionar da procedência do produto. O mito de narciso está cada vez mais refletido em nós, não sabemos quem ou o que está sendo refletido, exatamente como o próprio protagonista do mito.O público está se privatizando e o privado sendo publicado (em Twitter), a consequência disto tudo será o novo suporte tecnológico que criaremos para dar conta do pequeno espaço que ainda nos limita sobre o que é tempo real e o que é realidade” Foi o que eu comentei no mesmo blog, mas no post O Caso Twitter.

“(...) agora, como antes – tanto no estágio leve e fluido da modernidade quanto no sólido e pesado -, a individualização é uma fatalidade, não uma escolha” (BAUMAN, 2001, p. 43).
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