18.8.07

::Quixotesco::


Sim, a vida nos prega peças. Numa hora estamos por cima, dominando toda a situação, vendo a dinâmica da vida de um ângulo privilegiado, de uma hora para outra, assim como num piscar de olhos vem à vida e passa uma rasteira. As rasteiras da vida não são meros tropeços, mas sim enormes avisos de que as coisas precisam mudar. É claro que a vida não é do mau, ela sempre dá um tempo, vem avisando calmamente, deixa recados espalhados em árvores que cruzamos todos os dias, nos carros que passam por nós, nas pessoas que conversamos, nos textos que lemos, nas coisas que assistimos, enfim, há uma infinidade de avisos que eu poderia enumerar aqui. É claro que como bons neuróticos freudianos, nos recusamos a perceber esses avisos, pois sempre somos dominados por uma frase que sempre se inicia assim: Vai que ... E lá vamos nós, crentes, porém sempre duvidosos que as coisas vão dar certo, afinal de contas estamos esperando o momento que a vida perceberá que somos do bem e seremos compensados de alguma maneira por anos de benevolência.
Mas não. A vida coloca um obstáculo no qual nos faz parar e refletir sobre o que devemos fazer daqui para frente. Nessa reflexão sempre conseguimos eliminar algumas possibilidades no qual sabemos, muito bem, que não iriam dar certo, assim como no vestibular:
(a) Fazer isso
(b) Fazer aquilo
(c) Fazer determinada coisas
(d) Fazer aquele outro
(e) Apenas faça
Ok eliminamos três, mas sempre sobram aquelas duas alternativas que são muito boas, mas ao mesmo tempo muito ruins, logo passar a existir a dúvida. Para quem não sabe a dúvida só aparece quando temos certeza do que deveríamos fazer, mas achamos que deveríamos fazer outra coisa. Imediatamente ficamos indecisos e essa indecisão irá nos seguir por um bom tempo, até decidirmos fazer alguma coisa.
Olhamos de longe e enxergamos os nossos problemas como enormes dragões devoradores de pessoas inocentes que só estão indecisos do que fazer para melhorar a situação atual.
É nessas horas que percebemos que tinha alguma coisa naquela árvore que passamos, naqueles carros, nas falas daquelas pessoas, enfim percebemos que a vida realmente nos avisou que tinha esse enorme dragão nos esperando.
O que fazer?
Simples, pegue a sua lança e corra em contra ao dragão como se fosse o guerreiro mais forte da cavalaria, certamente ao chegar perto do enorme dragão entenderá que Don Quixote não era tão louco assim, ele apenas estava passando por alguns probleminhas que a vida insistiu em avisá-lo.


Música recomendada: Don Quixote – Engenheiros do Hawaii