Previously on Vinicius Life ... comentei a minha primeira apresentação como Psicólogo, sinalei sobre a existência de rituais de passagens e do mito familiar que nos ronda, para o bem e para o mal.
O que me inquieta os pensamentos é o novo estilo de vida que estou começando a experimentar. Recém formado, 24 anos, muita história para contar, nenhuma para esquecer e várias lembrar, analisar e (re)narrar. Venho percebendo que essa interrogação está sobrevoando a minha cabeça, percebo pelo excesso de questionamento que aparecem ao longo do dia e no inicio, meio e fim da noite.
Sim, tenho muitas perguntas e preciso de respostas.
Conversando com uma amiga que está morando no EUA, sobre esse assunto, ela comentou sobre a existência de um livro que acredito ser a explicação para muita coisa – A crise dos 25 – Embora a fase entre os vinte e os trinta anos seja uma das melhores da vida, também é marcada por uma dura e nem sempre reconhecida transição para o "mundo real". A Crise dos 25 é o primeiro livro a tratar desse fenômeno. Ele conta as histórias de jovens que descrevem seus desejos, dúvidas e desafios em relação a trabalho, dinheiro, independência, realização pessoal e relacionamentos.
Era justamente sobre isso que estava tentando falar, mesmo que as palavras me faltem, estou tentando construir uma ordem cronológica e lógica sobre os meus questionamentos.
Certa vez, assistindo o seriado Sex and the City, me deparo com o mesmo questionamento de Carrie (Sarah Jessica Parker), resumidamente, ela é convidada para uma festa de aniversário de uma amiga, ao chegar ao apartamento é obrigada a tirar os sapatos para entrar (viciadas em sapatos) Carrie fica apreensiva, a justificativa de sua amiga é para não trazer sujeira para casa, pois como tem filhos pequenos e eles brincam no chão, seria melhor evitar determinados contatos com a sujeira mundana (ótima metáfora por sinal). Para tornar o episódio mais engraçado, os sapatos são roubados. Carrie indignada cobra da amiga o seu bem estimado no valor de 480 dólares. A dona do apartamento, agora visivelmente não mais amiga, nega. O seriado inteiro é sobre o questionamento: e nós solteiros, não somos beneficiados materialmente?
A vida é feita de rituais de passagens, que tem como finalidade, demarcar as inserções sociais. Quando estamos nas séries iniciais, aprendemos que o ciclo da vida é: nascer, crescer, reproduzir e morrer. Quando nasce, sabe-se que irá morrer, quando morre sabe-se que algum dia nasceu. Mas o que se deve fazer com o crescer e reproduzir?
Na catequese aprendi os sete sacramentos, que segundo a igreja católica são: o batismo, a crisma, a eucaristia, a penitencia, a extrema-unção, a ordem e o matrimonio.
Batismo, crisma e eucaristia eu já fiz. Se seguir a lógica, devo estar na penitência rumo à extrema-unção. Sair da penitencia para entrar na extrema-unção, é complicado, quem quer ir para uma fase onde o nome já começa com extrema, uma palavra com essa não deve ser nada tolerante.
Os rituais, além de demarcar as passagens, têm outro objetivo, tornar mais digerível essa nova fase, tanto para quem passa, quanto para quem assiste. Ele tomaria o papel de porta das nossas vidas. O batizado avisa para toda a sociedade que o filho da fulana com o cicrano, chama-se beltrano. Primeiro dia de aula, o ritual é se sentir desamparado, o último dia de aula é marcado por gritarias, mochilas pelos ares, camisetas assinadas pelos colegas e viva as férias. O primeiro beijo é marcado pelo ingresso da sexualidade e final das cócegas. Os 15 anos têm o peso que só os 15 anos têm, os 18 anos são marcados pela felicidade da carteira de motorista e medo de perdê-la logo de cara. A primeira transa (que não necessariamente acontece depois dos 18) é sempre a primeira transa. A formatura do terceiro ano é o fim do colégio. O trote é o inicio da faculdade e a formatura da faculdade é o fim de tudo aquilo que você sempre teve certeza. Tudo foi planejado até aqui e daqui para frente é só conseqüência de muitos acertos e erros anteriores.
A formatura é sem dúvida o dia mais feliz da tua vida.
Semanas antes da formatura, estava na minha análise e meu analista disse: “E quem disse que no dia seguinte o casal não se questiona sobre o seu casamento?”. Metaforicamente, quem disse que após um rito de passagem não vem os questionamentos sobre “eu fiz a coisa certa?”.
Ruim é a sensação de não poder se questionar sobre isso. Afinal de contas é mais uma etapa vencida, vamos comemorar. Ok! Podemos comemorar, mas alguém pode me dizer aonde eu deixo esse meu outro lado que já quer saber o que vamos fazer?
Os casados podem até se questionar sobre o casamento, mas se questionam na lua de mel, com uma viajem, num outro lugar, com outros ares, com outras pessoas, com presentes ganhos, com um enxoval quase pronto, e o melhor, no anonimato.
O ritual de passagem como o próprio nome diz, é uma passagem pela sociedade, já a lua de mel é o momento de reclusão anônima indispensável.
Após escrever tudo isso, elaboro um questionamento. Não é uma lua de mel que estou procurando e/ou precisando; o que eu quero mesmo é de uma despedida de solteiro pós formatura. Se o ritual é de passagem, quer dizer que não fizemos mais parte do antigo grupo que nos determinava, agora estamos sendo iniciados ao outro grupo. A festa de formatura é uma festa de inserção, e acredito que o que está me faltando é um ritual de despedida para dizer tchau ao adolescente-jovem, já que agora sou um jovem-adulto.
Ah! A Carrie, também elabora após escrever o seu artigo sobre solteiros que não tem uma data de comemoração com direito a lista de presentes. Para conseguir ganhar novamente o seu sapato de 480 dólares, de volta, ela decide, se casar. Mas com ela mesma (isso antes do filme) sem despedida de solteiro, mas com lua de mel.
O que me inquieta os pensamentos é o novo estilo de vida que estou começando a experimentar. Recém formado, 24 anos, muita história para contar, nenhuma para esquecer e várias lembrar, analisar e (re)narrar. Venho percebendo que essa interrogação está sobrevoando a minha cabeça, percebo pelo excesso de questionamento que aparecem ao longo do dia e no inicio, meio e fim da noite.
Sim, tenho muitas perguntas e preciso de respostas.
Conversando com uma amiga que está morando no EUA, sobre esse assunto, ela comentou sobre a existência de um livro que acredito ser a explicação para muita coisa – A crise dos 25 – Embora a fase entre os vinte e os trinta anos seja uma das melhores da vida, também é marcada por uma dura e nem sempre reconhecida transição para o "mundo real". A Crise dos 25 é o primeiro livro a tratar desse fenômeno. Ele conta as histórias de jovens que descrevem seus desejos, dúvidas e desafios em relação a trabalho, dinheiro, independência, realização pessoal e relacionamentos.
Era justamente sobre isso que estava tentando falar, mesmo que as palavras me faltem, estou tentando construir uma ordem cronológica e lógica sobre os meus questionamentos.
Certa vez, assistindo o seriado Sex and the City, me deparo com o mesmo questionamento de Carrie (Sarah Jessica Parker), resumidamente, ela é convidada para uma festa de aniversário de uma amiga, ao chegar ao apartamento é obrigada a tirar os sapatos para entrar (viciadas em sapatos) Carrie fica apreensiva, a justificativa de sua amiga é para não trazer sujeira para casa, pois como tem filhos pequenos e eles brincam no chão, seria melhor evitar determinados contatos com a sujeira mundana (ótima metáfora por sinal). Para tornar o episódio mais engraçado, os sapatos são roubados. Carrie indignada cobra da amiga o seu bem estimado no valor de 480 dólares. A dona do apartamento, agora visivelmente não mais amiga, nega. O seriado inteiro é sobre o questionamento: e nós solteiros, não somos beneficiados materialmente?
A vida é feita de rituais de passagens, que tem como finalidade, demarcar as inserções sociais. Quando estamos nas séries iniciais, aprendemos que o ciclo da vida é: nascer, crescer, reproduzir e morrer. Quando nasce, sabe-se que irá morrer, quando morre sabe-se que algum dia nasceu. Mas o que se deve fazer com o crescer e reproduzir?
Na catequese aprendi os sete sacramentos, que segundo a igreja católica são: o batismo, a crisma, a eucaristia, a penitencia, a extrema-unção, a ordem e o matrimonio.
Batismo, crisma e eucaristia eu já fiz. Se seguir a lógica, devo estar na penitência rumo à extrema-unção. Sair da penitencia para entrar na extrema-unção, é complicado, quem quer ir para uma fase onde o nome já começa com extrema, uma palavra com essa não deve ser nada tolerante.
Os rituais, além de demarcar as passagens, têm outro objetivo, tornar mais digerível essa nova fase, tanto para quem passa, quanto para quem assiste. Ele tomaria o papel de porta das nossas vidas. O batizado avisa para toda a sociedade que o filho da fulana com o cicrano, chama-se beltrano. Primeiro dia de aula, o ritual é se sentir desamparado, o último dia de aula é marcado por gritarias, mochilas pelos ares, camisetas assinadas pelos colegas e viva as férias. O primeiro beijo é marcado pelo ingresso da sexualidade e final das cócegas. Os 15 anos têm o peso que só os 15 anos têm, os 18 anos são marcados pela felicidade da carteira de motorista e medo de perdê-la logo de cara. A primeira transa (que não necessariamente acontece depois dos 18) é sempre a primeira transa. A formatura do terceiro ano é o fim do colégio. O trote é o inicio da faculdade e a formatura da faculdade é o fim de tudo aquilo que você sempre teve certeza. Tudo foi planejado até aqui e daqui para frente é só conseqüência de muitos acertos e erros anteriores.
A formatura é sem dúvida o dia mais feliz da tua vida.
Semanas antes da formatura, estava na minha análise e meu analista disse: “E quem disse que no dia seguinte o casal não se questiona sobre o seu casamento?”. Metaforicamente, quem disse que após um rito de passagem não vem os questionamentos sobre “eu fiz a coisa certa?”.
Ruim é a sensação de não poder se questionar sobre isso. Afinal de contas é mais uma etapa vencida, vamos comemorar. Ok! Podemos comemorar, mas alguém pode me dizer aonde eu deixo esse meu outro lado que já quer saber o que vamos fazer?
Os casados podem até se questionar sobre o casamento, mas se questionam na lua de mel, com uma viajem, num outro lugar, com outros ares, com outras pessoas, com presentes ganhos, com um enxoval quase pronto, e o melhor, no anonimato.
O ritual de passagem como o próprio nome diz, é uma passagem pela sociedade, já a lua de mel é o momento de reclusão anônima indispensável.
Após escrever tudo isso, elaboro um questionamento. Não é uma lua de mel que estou procurando e/ou precisando; o que eu quero mesmo é de uma despedida de solteiro pós formatura. Se o ritual é de passagem, quer dizer que não fizemos mais parte do antigo grupo que nos determinava, agora estamos sendo iniciados ao outro grupo. A festa de formatura é uma festa de inserção, e acredito que o que está me faltando é um ritual de despedida para dizer tchau ao adolescente-jovem, já que agora sou um jovem-adulto.
Ah! A Carrie, também elabora após escrever o seu artigo sobre solteiros que não tem uma data de comemoração com direito a lista de presentes. Para conseguir ganhar novamente o seu sapato de 480 dólares, de volta, ela decide, se casar. Mas com ela mesma (isso antes do filme) sem despedida de solteiro, mas com lua de mel.
