Para dormir tranqüilo, antes de sair da janela, criei uma linha imaginaria e através dela poder mensurar se o nível d’água estava aumentando ou não. Para a minha felicidade – e felicidade geral, deu para perceber que estava baixando e mais rápido que eu poderia imaginar. Fui dormir. Quando acordei, a cidade estava um silêncio total. Sem barulho de carros e ônibus, primeiros sons, depois do despertador que escuto todos os dias. Automaticamente, abri a janela para ver a “quantasandava” às cheias. Para a minha feliz surpresa, estava tudo seco. Comecei a ligar para todos os meus familiares para avisar que estava tudo ok, que poderiam se despreocupar, estávamos todos salvos.
Sai pela rua para ver os resultados da minha rua, nesses momentos a minha curiosidade se restringe apenas a minha rua, acredito que nessas situações, o menor número de pessoas aglomerando, melhor! Quando sai, encontrei quatro vizinhos limpando o hall de entrada.
A minha garagem, subterrânea, ainda estava cheia (completamente cheia, a água bateu no teto) e dentro dela o meu carro. Decidi então começar a ajudar. Com um balde na mão, eu e um vizinho começamos a tirar a água de dentro para fora, até que tivemos a idéia de fazer o oposto, com a água da enchente começamos a limpar a calçada e escadaria do prédio, entre idas e vindas com os baldes cheios, conversávamos com outros vizinhos de rua. “Querem água? Não fiquem acanhados, temos aos baldes” e assim começou a mobilização para retirar a água e o mutirão da limpeza. Joga água aqui, ali, acolá, qualquer lugar era lucro, começamos a limpar e a divulgar que tinha dois carros na garagem, com a movimentação começou a aparecer, mais pessoas, mais baldes, mais gente retirando a água e jogando nas ruas, calças, lojas, escadas, boeiros. Vizinhos do prédio começaram a descer com seus baldes, rodos e vassouras, vizinhos da esquerda, da direita, da frente, da esquina utilizavam da Nossa (de todos) água em abundancia para limpar tudo, e assim começou uma grande movimentação em prol da limpeza.
Eu iniciei a limpeza por volta das 8h da manhã, ainda éramos poucos, com o tempo, muitas pessoas interessadas e interessantes começaram a participar. Um vizinho ajudando o outro, um vizinho conversando e conhecendo o outro. Começamos ali a romper a barreira do individualismo moderno. Vivemos um encima dos outros, mas conversar, jamais, um Oi era de bom tamanho. A participação era tanta e junto dela a empolgação e a motivação de ver a nossa rua menos suja. Limpamos com a água da garagem cerca de 200 metros de pura lama. Como disse uma amiga minha quando contei o fato “estavam limpando a casa de todos”. O movimento era repetitiva enche o balde, esvazia o balde, enche o balde, esvazia o balde. De balde em balde a rua foi ficando menos suja e a garagem menos cheia.
Não imaginei que conseguíramos fazer o que fizemos. Esvaziamos a garagem com baldes e parceria. A motivação era tanta, a parceria era tamanha que o cansaço não tinha espaço para interrupções.
Fiquei orgulhoso do que vi e vivi. Grandes catástrofes rompem barreiras concretas e subjetivas.
Achamos dois peixes vivos dentro da garagem.
Esse post é mais para contar o fato do que analisa-lo, pretendo fazer isso. Logo! Um movimento como esse dever ser psicologicamente analisado. Só preciso descansar os braços, o efeito do relaxante muscular, está passando.
Sai pela rua para ver os resultados da minha rua, nesses momentos a minha curiosidade se restringe apenas a minha rua, acredito que nessas situações, o menor número de pessoas aglomerando, melhor! Quando sai, encontrei quatro vizinhos limpando o hall de entrada.
A minha garagem, subterrânea, ainda estava cheia (completamente cheia, a água bateu no teto) e dentro dela o meu carro. Decidi então começar a ajudar. Com um balde na mão, eu e um vizinho começamos a tirar a água de dentro para fora, até que tivemos a idéia de fazer o oposto, com a água da enchente começamos a limpar a calçada e escadaria do prédio, entre idas e vindas com os baldes cheios, conversávamos com outros vizinhos de rua. “Querem água? Não fiquem acanhados, temos aos baldes” e assim começou a mobilização para retirar a água e o mutirão da limpeza. Joga água aqui, ali, acolá, qualquer lugar era lucro, começamos a limpar e a divulgar que tinha dois carros na garagem, com a movimentação começou a aparecer, mais pessoas, mais baldes, mais gente retirando a água e jogando nas ruas, calças, lojas, escadas, boeiros. Vizinhos do prédio começaram a descer com seus baldes, rodos e vassouras, vizinhos da esquerda, da direita, da frente, da esquina utilizavam da Nossa (de todos) água em abundancia para limpar tudo, e assim começou uma grande movimentação em prol da limpeza.
Eu iniciei a limpeza por volta das 8h da manhã, ainda éramos poucos, com o tempo, muitas pessoas interessadas e interessantes começaram a participar. Um vizinho ajudando o outro, um vizinho conversando e conhecendo o outro. Começamos ali a romper a barreira do individualismo moderno. Vivemos um encima dos outros, mas conversar, jamais, um Oi era de bom tamanho. A participação era tanta e junto dela a empolgação e a motivação de ver a nossa rua menos suja. Limpamos com a água da garagem cerca de 200 metros de pura lama. Como disse uma amiga minha quando contei o fato “estavam limpando a casa de todos”. O movimento era repetitiva enche o balde, esvazia o balde, enche o balde, esvazia o balde. De balde em balde a rua foi ficando menos suja e a garagem menos cheia.
Não imaginei que conseguíramos fazer o que fizemos. Esvaziamos a garagem com baldes e parceria. A motivação era tanta, a parceria era tamanha que o cansaço não tinha espaço para interrupções.
Fiquei orgulhoso do que vi e vivi. Grandes catástrofes rompem barreiras concretas e subjetivas.
Achamos dois peixes vivos dentro da garagem.
Esse post é mais para contar o fato do que analisa-lo, pretendo fazer isso. Logo! Um movimento como esse dever ser psicologicamente analisado. Só preciso descansar os braços, o efeito do relaxante muscular, está passando.

