1.12.08

::Hoje eu não posso::

Eu me considero uma pessoa sociável, o que não significa que eu topo qualquer coisa. Acredito que exista algum tipo de classificação de festas, eventos ou encontros com duas ou mais pessoas.
Antes ou depois é sempre válido conseguir classifica-las, sei que vivemos num tempo histórico que rotular as coisas (pessoas) é uma afronta social, mas desrotular as coisas é tão rotulativa quanto rotular. Vou explicar: Acredito que é a coisa mais normal criar rótulos mentais: isso é isso, aquilo é aquilo, aquele outro é aquele outro – até que se prove o contrário. Se auto-intitular de “não rotulativo” é se colocar dentro de um rótulo do grupo de pessoas que não rotulam. Simples!
Eu rotulo, tu rotulas, nós rotulamos. É fato! O grande problema é quando ficamos presos no primeiro rótulo e desconsideramos a hipótese de revê-los. Tenho muitos rótulos que ainda não consegui rever, mas tenho tantos outros que já estão em outras categorias.
Existem vários tipos de festas, encontros, jantares, enfim, mil e uma definições de sociabilização, se elas exigem categorias, devemos nos portar conforme as hierarquias. Com os teus melhores amigos ou com os amigos confiáveis, festas, jantares e afins, quase sempre são descontraídos e legais. Festas, jantares e afins com conhecidos, o buraco é mais embaixo, pois a discrepância é enorme, tudo depende do contexto, pode ser uma grande festa divertida, como pode ser uma festa diaba, e tem as festas na casa do amigo do amigo, nestas, nem me convida, eu não vou (mais).
Festa diaba é aquela festa que desde o momento que você foi convidado já sabe que ela não será boa, para não falar outra coisa. As pessoas são chatas – nem todas as pessoas, a bebida é ruim, a comida (festas diabas não tem comida), a música não agrada os teus ouvidos, os papos são os mesmos, os comentários idem e a posição sociométrica da festa são iguais, sempre! E para completar, você tem que ir, pois, não ir, será uma desfeita para o anfitrião (a) que certamente você gosta ou pelo menos, considera.
Para uma festa diaba, a melhor roupagem é a consciência. Estar ciente que a festa será diaba ajuda a desdiaba-la, pelo menos para você. Não ter pretensão alguma ou com a expectativa baixa, qualquer coisa pode ser motivo de surpresas. Agora, o que eu acho mais engraçado são as pessoas que freqüentam as festas. Não importa o grau de intimidade, não importa a cidade, estado ou região. Todo mundo tem um amigo “hoje eu não posso”, eu sou um amigo “hoje eu não posso” para muita gente, mas tenho a minha defesa e não cabe nesse post escrever sobre isso, ou tem, não sei.
Porém o amigo “hoje eu não posso” que quero tratar, são os amigos “hoje eu não posso” seguido de “estou tomando remédio”.
Eu simplesmente tenho pavor de escutar essa frase no meio de uma festa.
_Fulaninho (a) não vai beber nada?
_Eu não posso, estou tomando remédio!
Tranquilamente compreensível, mas esporadicamente! Agora, sempre é o (a) fulaninho (a) quem não está bebendo nada, por que está tomando remédio. Sai da festa e vai procurar um médico!
Não estou fazendo apologia a bebidas alcoólicas, pois conheço pessoas que simplesmente não gostam de beber, obrigado! Mas nem por isso deixam à festa morrer. Não é a bebida que faz a festa, mas é as pessoas que estão nela, entretanto, entrar numa festa, jantar, junção e afins com cara de “eu estou tomando remédio” é broxante, pois uma festa é a doação parcial do melhor de cada um. Chegar numa festa, sentar, ficar calado, esperar a festa acontecer – sem se dar conta que ela já está acontecendo, e ainda por cima, dizer que está tomando remédio: Rótulo na certa.
Fulaninho (a) pede, eu o faço!
Muitas vezes, o que é pior, em matéria de festas, são os “hoje eu não posso, estou tomando remédio” que se junta com o “hoje eu não posso, tomei um porre ontem”. Sem contar quando o “tomando remédio/tomei um porre ontem” é a mesma pessoa.
Não há sociabilidade que agüente.
Eu não agüento. (Mais!)