16.4.09

:: Embalados ::


Certa vez estávamos conversando sobre as mazelas do mundo: política, economia, impostos, machismo. Um verdadeiro debate sobre o sexo dos anjos. É engraçado pensar que todos nós sabemos exatamente como reverter os grandes impasses da vida pública, entretanto, sempre caímos na impotência de não ter força para dar cabo as nossas teorias. Para a política, devemos nos conscientizar do voto, votar nos políticos honestos e com bons históricos administrativos e exigir nossos direitos. Na economia, diminuir os altos salários e tornar tudo mais igualitário, enfim. Bom senso para perceber que precisamos mudar muitas coisas, todos nós temos, agora, criatividade para efetivar a mudança, deixa o buraco muito mais embaixo.
Nessa conversa citada acima, foi mencionado algo que já havia percebido. O excesso de embalagens que nos embalam. Percebi isso graças ao meu cachorro, toda vez que eu entrava na cozinha e pegava alguma coisa da geladeira ou dos armários ele vinha correndo para saber o que estava abrindo. Nem sempre era comida, mas ele ficava me olhando com uma cara de pidão. Logicamente que ele está condicionado que o barulho de embalagem plástica sendo aberta resulta em algo para ele mastigar. Foi ai que percebi que boa parte dos nossos bens de consumo vem invólucro com plásticos, um dos materiais que mais demoram em se decompor.
Nesta Páscoa quando abri uma caixa de bombom da Nestlé, para minha surpresa, além da embalagem tradicional que envolve a caixa, dentro da caixa havia um outro saco onde estavam guardados todos os bombons. Fiquei espantado, mas por que cargasd’água, num momento onde estão implorando educadamente pela consciência de todos; uma empresa multinacional acrescenta uma embalagem nas caixas de bombom? Abri a nova embalagem e joguei todos os bombons dentro da caixa como era antigamente. Poderíamos pensar que essa nova embalagem ajuda no transporte dos bombons nas malas, bolsas e similares. Que essa nova embalagem facilita a vida de muitos, pode até ser, mas é justamente esse excesso de facilitação do que já é simples que nos leva cada vez mais para baixo.
Os mais descrentes se seguram na ideia de que o mundo está perdido e que não tem como mudar, mas há mudanças sim e precisamos deixar isso à mostra. Erotizar as iniciativas positivas ajudam muito a dar esperança para os crentes e descrentes da raça humana.
Em outro momento eu estava num supermercado (Angeloni) voltando para casa com minhas compras. Uma mulher de seus 25/30 anos carregava uma sacola ecologicamente correta que o próprio mercado produziu intitulada de Leve na Consciência, nem preciso falar que adorei o trocadilho nada infame. Leve de leveza e leve de levar fez com que os consumidores mais conscientes descartassem os sacos plásticos por uma sacola bonita, pratica, atual e que ajuda a divulgar a proposta da ecologia.
Não aderi a ideia, ainda!
Os sacos plásticos que carrego para casa, além de ser utilizados como sacos de lixo, também são ótimos catadores de coco do Ziggy.
Outra ideia muito bacana que encontrei em Porto Alegre: um sacador de sacos plásticos para recolher coco de cachorro. Você passeia com seu cachorro, pega um saco plástico preto com as instruções de como recolher impresso e ajuda a limpar a cidade. Simples, eficiente e sem agredir diretamente os pólos petroquímicos. Peguei um saquinho e trouxe para casa, nunca se sabe quando terei a oportunidade de conversar com o prefeito.
Ideia bacana é o que o supermercado Giassi também está aderindo. A proposta é a mesma do supermercado Angeloni, cada consumidor terá sua sacola ecologicamente correta, no valor de 10 reais, porém a diferença, até onde eu entendi, não será na extinção do uso de sacos plásticos no mercado, mas nos caixas rápidos elas serão pré requesito para usa-los.