17.1.09

::Amigo de amigo meu...::

Dizem por ai, que amigo de amigo meu é meu amigo, mas sabemos que as coisas não se aplicam assim com tanta facilidade.
A afinidade necessária para conseguir sustentar uma amizade não é pouca, precisa de muita interação, trocas, bate-papos, companheirismo, fidelidade, lealdade, parceria, aceitação, brigas, discussões, festas, jantares, encontros inesperados e casuais.
Gostamos dos nossos amigos, porque eles conseguem fazer exatamente aquilo que uma amizade exige e mais, eles conseguem fazer naquilo que nos torna completos. Um amigo de um amigo, não necessariamente tem espaço para entrar nas nossas vidas.
Com algumas pessoas tentamos fazer o possível para que elas permaneçam por mais tempo, sempre tentando postergar o prazo de validade. Amizade, assim como tudo na vida, tem prazos.
Algumas amizades duram uma infância, outras, uma adolescência, diversas uma vida adulta, umas a velhice, outras a vida inteira, determinadas amizades duram um ano, alguns meses, dias e tem aquelas que duram 24h (ou menos).
É fascinante conhecer pessoas, ainda mais se imaginarmos como isso aconteceu. Poderia ser diferente, bastava não ir à festa e lá se ia uma pessoa interessante a ser conhecida.
Neste final e começo de ano conheci muita gente interessante. Conheci muito amigo de amigos, dos mais diferentes estilos, dos mais dessemelhantes gostos, dos mais distintos acasos. Mesas de bar, jantares, formaturas, aniversários, virada de ano e por ai foi. Quando me vi, lá estava eu fazendo a reapresentação de quem eu sou, do que eu faço, do que eu gosto de fazer, do que eu gosto de ouvir, do que eu gosto de falar, do que vivi e do que quero viver. É gostoso conhecer pessoas novas, pois elas nos dão à oportunidade de nos atualizar na nossa vida, de escrever mais um parágrafo na nossa biografia, entretanto, conhecer é diferente de nos identificar. Existem amigos de amigos que conhecemos e toleramos, outros conhecemos e fica por isso mesmo, alguns conhecemos e gostamos, mas têm aqueles que conhecemos e nos identificamos. As idéias são iguais, as vontades e vivencias são parecidas e os planos futuros chegam a ser cômicos com sua tamanha semelhança. São amigos de amigos nossos que nos fazem perceber o quanto somos maduros, experientes, humorados, cultos, gente-finas, sociáveis e leves. Amigos de amigos que nessas horas já são nossos amigos, deixam o ambiente em que estamos mais agradável, mais divertido, deixa tudo mais solto e mais feliz. A sensação de achar que se conhecem há muito tempo é o termômetro de como a coisa estava fluindo. Quando nos percebemos, estamos trocando confidencias cara a cara sem a mediação do amigo algum.
Uma amizade foi selada.
O que complica em amizades relâmpagos são as despedidas (nas duradouras também, mas é outra história), pois com ela sempre segue a promessa de um reencontro, de uma repetição da noite que se passou.
Infelizmente muitos amigos de amigos seguem seus rumos sem poder nos colocar dentro de seus planos. Apenas vão embora, tão rápido quanto chegaram. A tal promessa continua firme e forte no ar. Algumas acontecem, outras não!
Assim como diz o Pedro Bial no texto do filtro solar “Esforce-se de verdade para diminuir as distancias geográficas e de estilos de vida, porque quanto mais velho você ficar, mais você vai precisar das pessoas que conheceu quando jovem.” Porque no final das contas, seremos apresentados para amigos de amigos tantas vezes que aquela noite tão descontraída foi apenas mais um ensaio para muitas outas coisas que acontecerão.