10.6.09

:: Metade da laranja ::


Não dá mais para afirmar que todos nós estamos procuramos à metade da nossa laranja. Até porque já existem muitas pessoas convencidas que a metade da laranja é um problemão. O interessante mesmo é achar uma pessoa inteira, completa! Porém a ideia que juntosomosum persiste nos dias de hoje.
Já vivenciei diversas cenas onde estava acompanhado de alguma amiga e fomos tratados como casal. Não me incomodo de ser tratado como um, afinal de contas, em tese, éramos um casal. Mesmo que a definição de casal no dicionário seja, em partes, retrógrada (par; composição de macho e fêmea ou marido e esposa). Longe de querer debater sobre o macho e a fêmea, éramos um par, composto de um homem e uma mulher com estados civis solteiros.
Fomos a rede Subway, um ótimo lugar para treinar decisões em curto prazo, diga-se de passagem, talvez seja isso que nos faz gostar tanto de lá. Ambos indecisos deveríamos escolher a composição do sanduíche: pão, recheio, saladas e molhos. Quem conhece o serviço sabe o roteiro que precisamos passar: Qual é o Pão? Qual o recheio? Alface e tomate? Pepino, picles, azeitona? Sim! Não! Sim!
Decidimos que além do sanduíche levaríamos cookies de sobremesa.
_O pagamento é junto? Perguntou o atendente
_Não, é separado!
_Bebidas é junto?
_Não, não. Separado! Persistindo em nos juntar, os atendentes colocaram os sanduíches e as bebidas na mesma bandeja.
Pode parecer bobagem, mas no mundo self-service que vivemos, acreditava e esperava que cada um ganhasse a sua.
_Os cookies posso colocar no mesmo saquinho?
_Não! Separados! Foi ai percebi a insistência de nos tratar como um casal.
Que mania de ser Noé é essa de querer juntar todo mundo em parzinhos? Mesmo que fossemos um casal de namorados, precisaríamos fazer tudo junto? Comer na mesma bandeja, beber no mesmo copo, pegar os cookies no mesmo saquinho? Cadê a individualidade? A singularidade? A independência conquistada? Fico me perguntando sobre o que os casais de hoje em dia estão fazendo por ai, para que isso se reflita em tamanha simbiose? Tudo é junto, nada é separado? Isso é considerado prova de amor? Ou será que eu sou o implicante e antiquado da história?
Não discordo do quanto é bom estar perto de uma pessoa que gostamos. De quanto prazeroso pode ser os encontros, as conversas, os beijos, os toques, mas acredito que existam espaços e principalmente momentos para que isso aconteça. O espaço público exige comportamentos diferentes dos espaços privados, essa é a regra base para uma sociedade civilizada. Querem se abraçar, beijar, namorar em público, ótimo, mas não fiquem tão a vontade!
O amor realmente é lindo! Mas a vontade de quebrar as leis da física é incrível.
A simbiose está na moda dos relacionamentos, mas são as metades da laranja que impressionam os ambientes das pessoas inteiras.