22.7.09

:: Cavalo de Tróia às Avessas ::

No dia 20 de julho, dia do amigo, acordei com uma mensagem no celular. Era de um amigo meu, imaginei que seria para felicitar pelo dia, mas infelizmente eu estava errado. A notícia que estava dentro da mensagem não foi nenhum pouco festiva, pelo contrário. Eu tinha acabado de saber que uma colega (da época do colégio) havia falecido.
Meio com sono, meio assustado, não sabia ao certo o que eu deveria fazer. Como eu moro em Blumenau e todo acontecimento ocorreu em Santa Maria no Rio Grande do Sul, recorri à internet, mais precisamente o MSN, para obter mais notícias.
Boa parte dos meus amigos estavam on-line e todos completamente atordoados com o acontecimento fatídico.
Minha amizade com ela estava distante, mas em algum momento da minha vida, estávamos muito próximos, pois ela era namorada de um grande amigo meu. Mesmo sem muitos contatos, tinha um carinho especial por ela. Fiquei completamente chocado com o fato, mais chocado do que triste. Um turbilhão de informações e devaneios tomou conta da minha cabeça.
Mesmo sabendo, teoricamente, que o ciclo da vida (nascer, crescer, reproduzir e morrer) é uma criação cultural simplória, nos agarramos fortemente na ideia que antes da morte precisa-se percorrer um longo caminho.
Jovem, bonita, articulada, recebem formada em odontologia e com recentes 24 anos e quatro dias, Isadora foi embora sem se despedir, deixando uma galera de jovens a mercê da vida.
Porém, para além da morte “prematura” e das elaborações que estou fazendo sobre ela, quis trazer aqui outra reflexião.
Quando estávamos todos (meus melhores amigos de Santa Maria) no MSN – os que não estavam no MSN estavam em contato por telefone – foi unânime a constatação. Se não fosse a fatídica tragédia, não estaríamos fazendo o giro de estar, boa parte dos amigos, presentes, conversando, unidos em pleno dia do amigo. Realmente algo de se pensar, sobre o movimento que a tecnologia nos possibilita, mesmo estando distante do acontecimento e das pessoas queridas, estávamos ligados num velório virtual. Seja para conseguir compreender aquilo que nos deixou fora de sintonia, seja para entender os fatos, para conseguir elocubrar sobre a morte, para se sentir um pouco acolhido.
Por isso, cavalo de tróia às avessas, pois ao contrário da história, ganhamos um presente que vinha dentro de uma tragédia.