26.7.09

:: Máscaras ::

Estou participando de uma proposta lançada pelo blog: Importâncias relativas e atravessadas sugestões. A ideia é juntar os bloggueiros e escrever sobre um tema comum (Máscaras), com formatos diferentes. A criatividade, participação e integração entrem escritores modernos foi o que me chamou atenção. Quem me indicou para participar dessa brincadeira foi a Qualquer Menina, bloggueira já conhecida na casa.

Quantas vezes já escutamos a expressão “com o tempo, as máscaras caem”? Ficamos impressionados com algumas pessoas, que com a ajuda do tempo, descobrimos a verdadeira face da moeda. Porém, acredito que destacamos a parte errada da frase para tomarmos bases de alguma conclusão. Ficamos nas máscaras e esquecemos de pensar no tempo, o ator principal. O tempo é o grande merecedor de tudo, ele é o revelador, o onipotente da história.
Enquanto as máscaras estão penduradas em algum rosto e no chão, justificamos os nossos desgostos na pobre máscara do outro, ou em termos psicanalíticos, Outro (com letra maiúscula para representar o social e sua cultura vigente). O outro ou o Outro são os grandes responsáveis por vestirmos as máscaras e para ser bem sincero, quem bom! Idealizamos um mundo melhor, onde a verdade é a lei que une os povos, entretanto, isso é historinha para boi dormir. Psicologicamente não conseguiríamos sobreviver por muito tempo se todas as verdades fossem ditas.
Exigimos que os Outros nos falem a verdade, mas não contamos as nossas nem a baixo de tortura. Imagina se todos os nossos, mais queridos, segredos fossem revelados, sem o poder da nossa censura? Ou para piorar a situação, imagina se os segredos inconscientes (aqueles que em tese não “sabemos”) aparecessem na nossa frente como um espelho. Suicídio em massa seria um resultado previsível.
As máscaras têm por objetivo anestesiar o intolerável e muitas vezes atrair os olhos alheios da sedução.
Pensar que as máscaras são para esconder os falsários é simplório demais, diante a gama de opções que temos. A máscara por si só não nos diz nada, o que nos diz são os representantes que ela carrega. Os bandidos usam para não ser identificados e os heróis também, mas neste caso é para esconder a identidade secreta. Quanta diferença!
O teatro se representa por elas, a máscara da tragédia e da comédia. Nós nos representamos por elas, os tragicômicos da vida. A Suzana Alves e a Joana Prado se imortalizaram pelas suas máscaras (o corpo foi um mero detalhe). Uma fantasia de Zorro não está completa sem a máscara. O carnaval é cheio delas e pulamos saltitantes com tudo isso.
A máscara tem o poder de esconder a face crua, transformando os populares em anônimos e vice e versa.
As maquiagens são máscaras, assim como nossas roupas, nossos conhecimentos, nossas atitudes. Tudo é máscara, tudo é representação, o que não nos torna falsos. Ou nos torna e ninguém está sabendo desta verdade.
Dizer que fulano é mascarado é afirmar que nele há faces não reconheciveis, mas isso é problema de quem? Do fulano que usa e abusa das suas máscaras ou nós que insistimos usar a mesma máscara de vítimas todos os dias?
Com o tempo as máscaras caem, mas também, descobrimos que debaixo da máscara, há um mascarado que precisa desta proteção.
Tem dias que usamos uma máscara para esconder o cansaço, outros para esconder o sorriso, oras para esconder as lágrimas, oras para parecer mais altivos. Dias somos blasé, dias somos palhaços, noites somos tiazinhas e zorros.
Máscaras servem para disfarçar as aparecias e numa era onde ninguém está contente com ela, algumas máscara no armário vem a calhar.


sugestão para futuros temas: Madrugada.